Heróis em risco: O combate dos profissionais da saúde contra as doenças ocupacionais

 

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Os profissionais de saúde desempenham um papel crucial na promoção do bem-estar da população, entretanto, estão frequentemente expostos a riscos ocupacionais que podem comprometer sua saúde e segurança.

Bem sabemos que no dia 28 de abril é celebrado o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, instituído pela Lei 11.121/2005 e previsto no calendário da Organização Internacional do Trabalho (OIT), contudo, nos questionamos se realmente estão sendo realizadas políticas públicas e também privadas voltadas à segurança e saúde no trabalho.

Contexto dos Acidentes de Trabalho no Brasil e no Setor de Saúde

De acordo com dados da Agência Brasil, em 2022 foram registrados 612 mil acidentes de trabalho no País. Destes, o setor de saúde foi responsável por 10% das notificações feitas ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), destacando-se como uma das áreas com maior incidência de acidentes. Especificamente, a atividade de atendimento hospitalar registrou 603.631 casos entre 2012 e 2022, representando 10,4% do total de acidentes no período. Dentro deste segmento, os técnicos de enfermagem foram os mais afetados, com 313.654 acidentes registrados no mesmo intervalo.

Atividades dos Profissionais de Saúde e Riscos de Acidentes de Trabalho

Ora, fica fácil entender por que os técnicos em enfermagem são os mais afetados. A seguir, relacionam-se algumas das principais atividades desses profissionais com os riscos associados:

1. Manipulação de materiais perfurocortantes:

• Atividades: Administração de medicamentos injetáveis, coleta de sangue, inserção de cateteres e outros procedimentos invasivos.
• Riscos: Acidentes com agulhas e outros objetos cortantes podem levar à exposição a doenças como HIV, hepatites B e C. 

2. Transporte e movimentação de pacientes:

• Atividades: Auxílio na mobilização de pacientes acamados ou com mobilidade reduzida.
• Riscos: Lesões musculoesqueléticas devido ao levantamento inadequado ou esforço excessivo. 

3. Exposição a agentes biológicos:

• Atividades: Contato com sangue, fluidos corporais e secreções durante procedimentos de cuidado.
• Riscos: Contaminação por patógenos presentes nesses materiais, resultando em doenças infecciosas. 

4. Uso de equipamentos médicos:

• Atividades: Operação de dispositivos como ventiladores mecânicos, monitores cardíacos e outros aparelhos hospitalares.
• Riscos: Choques elétricos ou queimaduras devido a falhas nos equipamentos ou uso inadequado. 

5. Exposição a agentes químicos:

• Atividades: Manipulação de medicamentos, desinfetantes e produtos de limpeza.
• Riscos: Irritações dérmicas, respiratórias ou intoxicações em caso de contato inadequado. 

6. Trabalho em turnos e sobrecarga de trabalho:

• Atividades: Atuação em escalas noturnas e jornadas prolongadas.
• Riscos: Fadiga, estresse e aumento da probabilidade de erros que podem levar a acidentes. 

A alta incidência de acidentes entre técnicos de enfermagem reforça a necessidade de medidas preventivas específicas para este grupo. A implementação de protocolos de segurança, fornecimento adequado de equipamentos de proteção individual (EPIs) e treinamentos regulares são essenciais para minimizar os riscos e promover um ambiente de trabalho mais seguro para todos os profissionais de saúde.

A Justiça do Trabalho fomentando o Programa Trabalho Seguro

Neste contexto, a Justiça do Trabalho criou o Programa Trabalho Seguro com o objetivo de criar metas de temas prioritários a serem desenvolvidos e debatidos junto toda a sociedade. Para o biênio 2022-2023 a abordagem foi “Democracia e Diálogo Social como ferramentas para construção de meio ambiente de trabalho saudável e seguro”. O resultado deste trabalho é dialogar com a sociedade e permanecer atualizado para as necessidades que se apresentam ao mundo do trabalho, intensificando esforços na promoção da segurança ocupacional, garantindo a integridade física e mental dos profissionais que dedicam suas vidas ao cuidado da população.